quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Crítica - Nervo Craniano Zero


Imagem disponível no site oficial: http://nervocranianozero.com/


O frio que pairava na noite da última quarta-feira (26) em Curitiba em nada tinha a ver com o clima experimentado pelos espectadores do filme Nervo Craniano Zero, do diretor Paulo Biscaia Filho, exibido com alto teor de morna sanguinolência e interatividade, no palco do Guairinha.

Contextualizada por uma trilha jocosamente oitentista, a obra oferece ao público uma cínica (e cênica) experiência de ampliação da sensação de imersão, alcançada por uma excelente manipulação de metalinguagem.

Através de um processo híbrido entre cinematografia e atuação teatral - denominado Encena-Ação - o longa/montagem acompanha o inescrupuloso plano da escritora Bruna Block, cujo objetivo é levar "suas" publicações ao topo da lista dos Best-sallers a qualquer custo. Utilizando a seu favor os estudos de indução à criatividade do neurocirurgião Dr. Bartholomeu Bava, Block alicia a jovem ingênua e interiorana Cristi como cobaia para a implantação de um chip cerebral que através de descargas de dopamina gera surtos de inspiração. É a partir dessas bases que a história se desenvolve.

Prodigiosa também - talvez mais que a trama até - é a interpretação das atrizes Guenia Lemos (Bruna Block) e Uyara Torrente (Cristi) que, com seus personagens diametralmente delimitados, são capazes de conferir às cenas em que dividem o foco um caráter de comicidade desconcertantemente irônica, ancorada em diálogos incisivos e enxutos, o que contribui enormemente para a fluidez com que a obra conversa com a linguagem dos quadrinhos, mantendo uma característica marcante da obra de Biscaia Filho.

Essa interrelação com os quadrinhos está muito presente na "cor local" de toda a obra, na medida em que ela está impregnada no argumento para os pontos de giro, muitas das sequências non sense e até mesmo na dinâmica da atuação teatral verificada no preâmbulo da montagem. O desfecho, que poderia sinalizar para a típica completude da jornada do herói, onde a moça retorna triunfante para gozar seus louros, oferece ainda uma surpresa condizente com a atmosfera ácida da produção.

No palco, a interatividade ganha cores, sons e... Melpomene!

Se o leitor considerar seus nervos cranianos fortes o suficiente, vale a pena pô-los em teste na segunda apresentação:

Trailler





Serviço:

Data: 27 de setembro
Local: Teatro Guaíra – Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha), Rua XV de Novembro, 971
Horário: 20h30
Ingressos: R$ 14,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia). Venda antecipada na bilheteria do teatro e no site www.teatroguaira.pr.gov.br
Informações: 3304-7961   

  
        

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